E o Natal?

23 de dez. de 2010

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Hohoho.

Eu me surpreendo como essa data consegue me fazer pensar em tantas coisas... É anual, mas é um momento único, se é que vocês me entendem.

Não sei se alguém se recorda, mas há uns anos (2?) coloquei um post saudosista/irônico sobre o natal, colocando pra fora toda a minha frustração em não ter visto o blog andando e, ao mesmo tempo, reafirmando minha gratidão pelo convívio com as pessoas que me rodeavam naquela época. Este ano, pensei algo bem diferente.

Estava tentando dormir quando senti um frio estranho, daqueles que você sente quando tem medo de perder algo ou alguém. Me recordei das pessoas que eu vejo diariamente no hospital(na minha correria) e com as quais eu nunca conversei muito além do "técnico". Na minha prática tento entender os pacientes da melhor maneira possível, levando em conta outros aspectos além dos sintomas e exames, mas, ainda assim, sinto que me falta algo de autenticidade.

- Sr. João, é esse temor? Sim, esse mesmo.

Por mais preparado que eu esteja, nunca me conformo plenamente com a morte. Ela me intriga: Aquela pessoa que está alí, todo dia, amanhã não estará. E tudo continua no seu rumo, nada caiu, nada explodiu, a natureza caminha... Mas e a família? Os amigos? Aquelas pessoas que compartilharam suas vidas? Os amantes?

A finitude é uma certeza, então por que este temor da perda? É egoísmo? E no caso do passageiro de Caronte, é o ato final de caridade?
Muitos rostos, muitas vidas: A força, a fibra, o respeito, o afeto, a simplicidade, o bom humor, a gratidão, a melancolia, a preocupação, a aceitação, a negação, a remissão. E o frio vai sumindo, com cada um daqueles olhares, com cada capítulo da vida "Terra".

O Natal? No olhar. Na nova situação. Na esperança. No descanço. No recém nascido. No próximo paciente atendido. Na minha família, Nos meus amigos. Na minha finitude.

1 comentários:

Taly disse...

FELIZ NATAL PRA TODOS!!!! \o/

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